segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Por que o Pequi tem espinho?

O pequizeiro é uma planta perene, sendo classificada como frutífera e oleaginosa, em razão das suas características e formas de utilização. Seu fruto é uma drupa globosa com coloração verde, com cerca de 10 centímetros de diâmetro e cálice persistente. No seu interior há um caroço revestido por uma polpa amarelo-claro, comestível e macia. Esta polpa envolve uma camada de espinhos, denominado endocarpo lenhoso e a semente.

Provavelmente você já mordeu com muita vontade um fruto de pequi e experimentou o desprazer de ter esses espinhos por toda parte da boca. E ai você pensou: pra que serve isso? Seria muito mais conveniente não ter. Então senta, que aí vai a explicação.

Essa camada de espinhos tem uma função muito importante e pouco conhecida para os frutos. Na natureza o pequi apresenta diversos consumidores naturais, que são os seus dispersores de sementes, como os ratos do campo, preá, paca, capivaras, lobo guará e antas. Sendo assim, com uma procura tão intensa a esse fruto, a proteção de seu embrião é de extrema importância para manutenção da espécie. Essas estruturas de proteção foram surgindo em algum momento de sua história evolutiva para garantir a proteção do embrião na semente, uma vez que no passado os frutos sem espinhos eram consumidos por inteiro pelos animais, incluindo a amêndoa e o embrião, não dispersando para outros locais. Já os frutos que possuíam espinhos eram consumidos parcialmente e o restante era deixado pelo animal, dispersando para outros locais.

Portanto, pode até parecer que o espinho do pequi não serve para nada quando vamos ingeri-lo, porém, é graças a ele que o fruto persistiu por tanto tempo a tantos consumidores naturais e que hoje podemos desfrutar de seu sabor.

Atualmente, além dos consumidores naturais, temos também a intensa exploração do homem, no consumo do fruto do pequi, da extração do óleo, na culinária, na indústria de cosméticos, na confecção de produtos de limpeza e como produto medicinal. Sua madeira também é utilizada, sem a preocupação com a propagação da espécie.


No estado de Goiás o pequi é uma espécie protegida por lei (Lei 12596/95, portaria 113 IBAMA e Portaria nº 18/2002-N – AGMA), porém, mesmo protegida, essa espécie é muito explorada.  Sendo assim, a utilização do pequi deve ser consciente, podendo optar por plantios para diminuir a pressão sobre as espécies em campo. Um fruto tão amado deve ser preservado! 


Polpa do pequi, endocarpo lenhoso e semente.

Caryocar brasiliense Cambess




















terça-feira, 4 de outubro de 2016

Ah! A natureza... é tudo dela!


        Dia 04 de outubro, dia da natureza e dos animais... Mas se pararmos para pensar, todo dia é da natureza, devemos tudo a ela! Só resolveram tirar um dia do ano para homenageá-la. Essa data foi criada com o intuito de conscientizar a população que é importante preserva-la, conserva-la, ama-la. Para não deixar que aquilo que o planeta tem de mais importante seja esquecido. E sabe porque é no dia 04 de outubro? Escolhida pelo Congresso de Proteção Animal, a data é uma homenagem a São Francisco de Assis, frade católico e santo que amava a natureza e os animais, que veio a falecer no dia 4 de outubro de 1226, sendo dia 4 de outubro, então, comemorado também o dia de São Francisco.

         O dicionário de português nos dá uma ótima definição para a Natureza: “Ambiente em que vive o homem, mas não depende dele para existir”. Fazendo uma reflexão sobre essa definição, é a mais pura verdade e que o contrário já não acontece, se não é a natureza, não haveria vida humana nesse planeta. Outra definição interessante é: “Conjunto das coisas que existem realmente; o universo”. O que nos remete ao nosso título, é todo dela! E por último, e um pouco mais curiosa, vem a definição de que é “ o que compõe o mundo natural; o que existe e não foi modificado pelo homem. ” Pegando essa última definição do dicionário, podemos pensar que muito pouco do que conhecemos é natureza. Os seres humanos parecem não se lembrar de que a natureza é renovável, mas no tempo dela, tempo esse que não se assemelha ao nosso. A utilização de recursos naturais como a água, as árvores, o solo, os animais, vêm ocorrendo de uma forma muito intensa e o planeta não é capaz de produzir os recursos necessários para o nosso consumo na mesma velocidade em que estamos utilizando. Sem contar que o consumo gera resíduos e não vamos esquecer que nada é jogado fora. Sendo assim, podemos ver as consequências por todos os lados... Na falta d’água, no aumento da temperatura do planeta, na extinção de várias espécies de animais e vegetais.

         
        Então, o que fazer? É impossível sair tentando mudar outras pessoas sem antes olharmos para nós mesmos... O que fazemos para contribuir para a mitigação desse uso insaciável da natureza e seus recursos naturais? Diminuímos o consumo de água e de energia? Tentamos diminuir os resíduos ou até mesmo, reciclar em casa? Não jogamos lixo na rua, rodovias, lotes baldios? Nos certificamos de que aquele móvel de madeira não é proveniente de desmatamento ilegal? Compramos animais silvestres sem certificado? Essas e várias outras perguntas devem ser feitas para que ai comecemos a correr atrás de melhorar o mundo. 

        Devemos lembrar sempre: sem a natureza, não existe nós. Portanto, PRESERVE.
Fonte: Blog Sarney Filho
Fonte: Blog A Lucta Social


Fonte: WWF
Fonte: Greenpeace


quinta-feira, 31 de março de 2016

Cerrado? Por que o Cerrado?

Por que não a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo? Que em 2015 apresentou mais de 2.898 km² de sua área desmatada. Ou a Mata Atlântica, o Bioma mais devastado do Brasil? Com mais de 93% da sua área original devastada.

Porque o Cerrado está presente em Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, Amapá, Roraima e Amazonas. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, nele estão presentes as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em um elevado potencial aquífero e favorece a sua biodiversidade. Porque o mesmo represente um complexo de biomas, onde estão presentes diferentes fisionomias que possuem características únicas, com muitas espécies endêmicas. Além disso, estima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos habitam o Cerrado.

Mas, mesmo com toda essa relevância, o Cerrado é devastado cada vez mais? Sim, mesmo sendo de extrema importância para a manutenção do equilíbrio ecológico, o Cerrado vem sofrendo demasiadamente com a ocupação humana, que nos últimos 35 anos, mais de 50% dos seus dois milhões de quilômetros quadrados originais, foram substituídos por pastagens e culturas anuais e as taxas de desmatamento têm sido historicamente superiores às da floresta Amazônica. E, além de todas essas adversidades, as queimadas vêm contribuindo para essa devastação, pois, mesmo que sejam características do Cerrado e fazem parte dos ciclos de renovação e brotamento de novas sementes, quando intensificadas pelas ações antrópicas, prejudicam os solos e impedem a renovação da floresta, consome árvores e deixa o ambiente inadequado para as espécies vegetais e animais.

Além de todas essas adversidades que o impactam cada vez, existe também a falta de conhecimento sobre o mesmo. A população possui uma visão errônea sobre sua vegetação, já que esta possui principalmente no cerrado sensu stricto, uma grande quantidade de espécies arbóreas retorcidas, de baixo porte e que passa grande parte do ano com as folhas secas ou sem folhas. E assim, não veem problema ao “abrir” cada vez mais áreas para expansão da agricultura e não o consideram como vital para o equilíbrio ecológico, manutenção da biodiversidade, preservação de nascentes, condicionador do clima, entre várias outras funções imprescindíveis que este possui.

Por isso, cada vez mais, temos que falar do Cerrado, temos que dar a devida relevância a essas áreas que abrigam uma infinidade de insetos, aves, peixes e mamíferos. Que possui solos férteis e uma vegetação deslumbrante para quem sabe aprecia-la. O Cerrado ainda tem muito a ser descoberto, muito a ser falado e muito a ser admirado e amado. 

Chapada dos Veadeiros - Vale da Lua (Fonte: Shayene Karla)